quinta-feira, 11 de junho de 2009

da dependência para começar vida melhor


excerto de
Nordin, Stacia. Low Input Food and Nutrition Security: growing and eating more using less. Malawi:
World Food Programme, 2005.
http://home.comcast.net/~billgile/LowInput/Low%20Input%20Food%20Nutrition%20Model%202005%20December.pdf
http://neverendingfood.org/


Esta situação, "ciclo de dependência", desde há 150-300 anos em regiões de países africanos também é semelhante à situação do interior de Portugal desde há 400 anos.
Stacia Nordin refere que o milho foi introduzido no Malawi por colonizadores portugueses...

"O CICLO DE DEPENDÊNCIA
Source: Permaculture Nutrition Training Manual, draft 2003, Stacia & Kristof Nordin

-1- Novo tipo de cultura, Milho (ou uma monocultura):
Os agricultores são encorajados a abandonar variedades tradicionais de plantas alimentares em troca de híbridos altamente produtivos tal como o milho.

-2- Mudança na dieta:
O milho torna-se a cultura favorita. Como tinha sido previsto, as primeiras colheitas são altamente produtivas.

-3- É necessário dinheiro:
No entanto, a alta produtividade das colheitas tem um preço. As sementes das plantas híbridas não se auto-replicam e por isso é necessário comprar novamente sementes cada ano. Máxima produtividade é encorajada através do uso de fertilizantes químicos caros.

-4- Solo é destruído:
Cultivo sucessivo de milho no mesmo solo combinado com práticas de “limpezas e queimadas” para preparar o terreno para a sementeira anual começam a deixar as suas marcas de degradação. À medida que menos material orgânico é adicionada ao ciclo natural, mais químicos são usados para manter o nível das colheitas.

-5- Mais fertilizante, menos dinheiro:
Os agricultores são forçados a vender mais e mais da sua produção para cobrir os custo da crescente necessidade de comprar mais fertilizantes e sementes. Menos alimento acaba por ser armazenado cada ano à medida que mais produção termina por ser vendida.

-6- Dependência de “insumos”/"inputs":
Os agricultores acabam por ser apanhados num “ciclo vicioso”, em que cada ano dependem da compra de sementes e fertilizantes químicos para garantir uma colheita. Muitos verificam que mal conseguem produzir o milho suficiente para ao mesmo tempo pagar as despesas da colheita e satisfazer as suas necessidades de alimento.

-7- Alternativas são esquecidas:
Adesão exagerada a apenas um tipo de cultura causa susceptibilidade à seca, pestes-pragas, doenças, e uma dieta pobre - o que por sua vez origina vulnerabilidade à subnutrição e doenças. À medida que esta dependência cresce conhecimento das alternativas desaparece."

Então aqui fica para recordar os Músicos com o seu mestre no centro, eu e o Padre Bambo estamos de passagem. Tinha de pedir uma foto para mandar aos músicos meus conterrâneos
http://www.chaosobral.org/fidelidade.htm
E já está!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Variável (toneladas, metro quadrado, meses...)

Ontem assistia, por um canal de televisão moçambicano, à conversa entre dois jornalistas e um responsável do estado. O homem do estado afirmava que haviam sido produzidas toneladas de produtos agrícolas (cereais) num período de tempo.
Falavam-se também dos metros de comprimento de pontes em construção, do número de projectos de construção mal parados por incumprimento dos construtores ...
Apenas, fiquei a pensar que com a "permacultura" faz sentido sim entender e gerir num sistema agrícola a relação saudável entre valores de variáveis e não em maximizar ou minimizar o valor de algumas apenas (lucro financeiro, minutos, ...)
Surpreendentemente, também mais tarde na RTP Internacional o Presidente da República de Portugal destacava os exemplos "exemplares" dos milhões facturados por empresas criadas por pessoas "luso-descendente" na Holanda e Califórnia ...
Por agora diria que "sustentável", também financeiramente, implica gerir o valor de variáveis dentro de limites saudáveis - em termos ecológicos, socioculturais e pessoais.
Para as toneladas de cereais produzidos:
Que área de solo foi utilizado?
Quantas toneladas de fertilizantes (industriais, derivados de gás natural, petróleo, recursos não renováveis) foram utilizados?
Quantos herbicidas e pesticidas? E ainda conservantes para armazenar os cereais por tempo determinado?
Quanto combustível não renovável? E Maquinaria?
Quanta biodiversidade se perdeu? Quanto solo sofreu erosão? Variação nos níveis de contaminação tóxica no solo?
Quantos trabalhadores envolvidos? ... sua saúde no trabalho? ... acidentes de trabalho? ...
Entre outras perguntas ...
Até pode ser que haja produção industrial sustentável de cereais em Moçambique, mas isso será uma conversa mediática mais interessante, me parece.